segunda-feira, 27 de junho de 2011

São eles ou elas que não querem namorar?

Hoje, conversando com um amigo sobre relacionamento, me lembrei de um artigo que li outro dia, e resolvi partilhar aqui.

 

"Elas reclamam deles. Eles reclamam delas. Homens e mulheres parecem insatisfeitos com o nível de disponibilidade um do outro no que se refere a assumir um compromisso. Mas o fato é que – no final das contas – mais do que atitudes que não agradam ou expectativas diferentes, o problema entre eles e elas tem sido um desastroso equívoco na comunicação, ou na compreensão das manifestações afetivas.

Está claro que homens e mulheres têm alimentado falsas versões sobre como deveriam se comportar para atraírem um ao outro. Pensam, inocentemente, que o ideal é mostrar algo do tipo “estou muito bem sozinho, obrigado!” ou “não preciso de você para ser feliz”. A intenção é parecer auto suficiente e independente, especialmente num primeiro momento. Compreensível, me parece, já que o contrário realmente não seria eficiente: mostrar-se demasiadamente ansioso para se comprometer, como se toda a possibilidade de ser feliz estivesse justamente na chegada de outra pessoa.

No entanto, o ideal certamente passeia entre esses dois cenários. Ou seja, nem oito, nem oitenta. Os extremos só servem para estereotipar a questão – o que é uma grande cilada! Pessoas extremamente dependentes ou independentes terminam, por fim, muito mais repelindo do que atraindo o outro. A idéia é, sem dúvida, encontrar o equilíbrio. Eis o segredo do sucesso: interdependência! Algo como “estou bem sozinho, e espero que você também, mas talvez possamos nos sentir ainda melhores juntos!”.

Desse modo, pergunto: você realmente acredita que existem homens ou mulheres desejando sinceramente viver sozinhos? Pois posso apostar que aquele ou aquela que continua insistindo que não quer namorar, é porque tem um dentre dois motivos! Ou está morrendo de medo de assumir seus sentimentos e reconhecer que adoraria experimentar a intimidade e o amor... Ou simplesmente ainda não encontrou a pessoa que fez seu coração acelerar e sua respiração mudar de ritmo!

Nenhum ser humano livre, espontâneo, saudável e de bem com a vida e consigo mesmo – seja homem ou mulher – se recusaria a viver um romance estando diante de alguém que mexe com seus hormônios e faz suas pupilas dilatarem. Portanto, eles e elas querem, sim, namorar. E quando insistem em demonstrar algo diferente disso, talvez estejam apenas precisando ajustar, reconhecer e revelar a verdadeira razão.

Claro que, enquanto a “pessoa certa” não chega, o melhor é aproveitar a solteirice, se divertir, fazer amigos e sustentar a bandeira do “estou feliz sozinho”. Afinal, concordo com o velho e bom ditado que manda “antes só do que mal acompanhado”. Porém, quem está sempre com alguém porque não agüenta a si mesmo ou quem está sempre sozinho porque não sabe como compartilhar sua história com outra pessoa precisa se rever o quanto antes. E não restam dúvidas de que tanto homens quanto mulheres podem estar ocupando esses lugares. Não se trata de uma questão de gênero, mas sim de uma questão humana."

Dra. Rosana Braga


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Feche os olhos e faça um desejo.

Faça um desejo!

- E se eu não tiver nada para desejar? E se eu tiver tudo o que quero?

- Deseje que nada mude...
Grey's Anatomy

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Lembranças inesquecíveis...


"Mudam as companhias, os cenários, a trilha sonora. Muda-se o estilo, o vestir, a cor dos cabelos, o clima, o gosto e até a forma de pensar. Mas há coisas que estão enraizadas, plantadas na alma para nunca mais morrerem. São como raízes de árvores milenares, ainda mais admiradas com o passar do tempo. Raízes que ultrapassam o espaço estipulado a elas. Na verdade, são como obras de arte - e de fato o são -, confeccionadas pelas mãos do destino, da vida, que nunca dão satisfação.E a gente fica sem saber, sem entender o por quê... Por que será que mesmo depois de ter mudado o repertório, quando "aquela" música toca, a gente deixa de estar ali onde estava, para buscar algo que já foi? Por que, depois do cenário trocado, dos holofotes virados para outra direção, sempre tem alguma passagem que volta e nos carrega junto com ela para capítulos que já não se repetem mais? Sempre tem um cheiro diferente que invade o ambiente quando menos se espera e faz o tempo parar, recuar. Sempre tem uma palavra, um gesto, um objeto, um momento, uma mania que aparecem repentinos e atropelam o presente, puxando para o passado que nem pede autorização, apenas nos impõe as lembranças.

E são lembranças que nunca perdem a cor, o clima, o teor. Essas nunca perdem a majestade. A fase pode ser outra, mas sempre é tempo de voltar a sentir na alma momentos que mudaram a nossa história e nos fizeram teletransportar, sentir coisas que nunca poderão ser definidas com exatidão, sequer detalhadas. Apenas lembradas, mesmo quando se busca esquecer.

Os inesquecíveis não morrem, não acabam, não somem, não se apagam, não se desfazem... não se esquecem. Porque nunca perdem o vigor. As raízes, quando profundas demais, ocupam um espaço muito grande e abalam qualquer estrutura. E depois, mesmo que se tornem apenas história, ainda nos obrigam a admirá-las, e a carregar conosco pra sempre essa sensação de fervor nas veias e frescor na alma.
E os sinais nunca deixam de surgir, por mais que o futuro se faça presente, deixando o passado cada vez mais distante. Esses sinais não enxergam a distância. Quando eles surgem, sempre do nada, agarram a gente bem forte pelo coração e puxam para reviver , em segundos, o que o tempo não consegue apagar. É mais do que a velocidade da luz. São flashes que a gente enxerga por dentro e sente novamente igual, como se não tivesse acabado. Não importa quanto tempo faz e nem quão longe se está. Os sinais vêm, se transformam em lembranças e nos levam a sentir novamente tudo aquilo que o coração nunca vai querer deixar de sentir, simplesmente porque não consegue esquecer.
Assim são os inesquecíveis. E o são apenas porque foram reais e verdadeiros o suficiente para se tornarem eternos. E porque nunca é demais vivê-los e revivê-los, mesmo que por segundos que se repetem a vida inteira."

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Lisbela e o Prisioneiro

A mocinha
O filme terminou, mas o encanto continua.
É impossível ficar indiferente a ele.
Lisbela e o prisioneiro é uma obra que tem o poder de nos fazer rir e chorar ao mesmo tempo.
Não se trata de uma grande história, ao contrário, é simples que só. Uma mocinha sonhadora, um noivo bossal e um aventureiro também sonhador.
O noivo bossal é dispensável.
Primordial é o encontro dos dois sonhadores.
Quando dois sonhadores se encontram o sonho se torna real e a vida, não.
Nisso está a beleza, pois o amor é capaz de condensar as duas realidades: a vida e o sonho, tornando-os um acontecimento único.
Lisbela era uma menina de vida estabilizada.
Noivo certo, casamento marcado, rotina a ser cumprida e nome a ser zelado.
Tinha no cinema o referencial de sua existência.
Nas histórias que assistia, ela descobria os desejos mais profundos de amar e ser feliz.
Encantava-se com os romances impossíveis e conhecia com detalhes o destino reservado a cada personagem.
O cinema era refúgio, um lugar onde ela poderia esquecer a mediocridade do amor que na vida real ela experimentava.
Sabia distinguir a vida do sonho, mas em nenhum momento abria mão de acreditar que o sonho poderia se tornar realidade um dia. Era uma mulher de muitos personagens.

O mocinho
Leleco, este é o seu nome.
Ao contrário de Lisbela, ele não tem nenhuma estabilidade.
A vida errante é o referencial de sua existência.
Um dia, quando criança, passou pelo céu de sua pequena cidade o majestoso Zepelim.
Encantado com tanta beleza, colocou-se a segui-lo.
Quando percebeu, já estava perdido e não podia voltar para casa.
Não é à toa que o poeta Mário Quintana diz que “amar é mudar a alma de casa”.
É verdade.
Quando o amor chega já não podemos viver do mesmo jeito como vivíamos antes.
Para Leleco, sua vida pacata não teria nenhuma graça longe daquele dirigível iluminado no céu.
A beleza o havia seduzido.
Tornou-se mais forte do que a segurança de sua casa.
Sua alma já havia se mudado...
Depois daquela noite, sua vida nunca mais foi a mesma.
Suas palavras no filme confirmam: “Desde então, minha vida é correr atrás de tudo o que é bonito!”.

O encontro

Lisbela e o prisioneiro.
Prisioneiro de quê?
De si mesmo, do próprio sonho e da própria liberdade.
Mas Lisbela também é prisioneira.
De seus personagens, de suas histórias impossíveis e irreais.
É neste momento que os prisioneiros se encontram.
Com seus inúmeros personagens, encontram-se e, de súbito, sentem o desejo de serem um só.
A máquina do amor tem este poder: fundir numa única realidade, o desejo, o desejante e o desejado.
O ponto de chegada de Leleco é Lisbela.
Depois de ter tido tantas mulheres em sua vida, ele compreendeu a razão de sua partida.
O dirigível dirigiu seu coração ao coração de Lisbela.
A história torna-se real e o cinema torna-se interativo.
Os personagens parecem pedir socorro ao público.
O matador profissional desafia o amor, e as intrigas ganham o espaço.
Não há amor sem dor, sem ameaça, pois ele se irrompe é na dificuldade da decisão e da escolha.
Lisbela e Leleco passam pelo processo da escolha e descobrem que já não podem mais viver distantes um do outro.
Esta verdade é tão intensa que chegam a relativizar a morte, caso não possam ficar juntos.
Não saberiam voltar à escravidão de suas vidas.
Todas as andanças e os personagens do jovem aventureiro terminavam ali, diante daquela menina, que guardava em seu coração as chaves que poderiam libertar aquele prisioneiro de sua cela.
O mesmo acontecia com a menina do cinema.
Aprisionada em seus inúmeros personagens, ela viu passar pelo céu de sua história um dirigível com formas humanas maravilhosamente iluminado, também possuidor de chaves que poderiam libertá-la de sua prisão.
Não há outra escolha.
O filme precisa acabar.
O bom mesmo é ser só o que podemos ser, livres da ilusão, despregados de personagens que insistimos em interpretar.
O amor descansa, pois só ele nos permite ser o que somos.
E foi assim, que Lisbela e o prisioneiro me fez pensar na força salvífica que o amor possui.
Foi a partir disso que repensei o conceito de misericórdia que tanto prego por onde ando.
Amar talvez seja isso: dar ao outro a possibilidade de um novo filme, de uma nova atuação, tornando a vida única e maravilhosamente real.
Talvez consista em mostrar ao outro coração que o resgate é possível, que o bandido pode ser vencido e que a vida é tão bela quanto o amor de Lisbela e o prisioneiro.

Pe. Fábio de Melo scj
http://www.fabiodemelo.com.br/

Os girassóis e nós.


“Eles são submissos. Mas não há sofrimento nesta submissão. A sabedoria vegetal os conduz a uma forma de seguimento surpreendente. Fidelidade incondicional que os determina no mundo, mas sem escravizá-los.

A lógica é simples. Não há conflito naquele que está no lugar certo, fazendo o que deveria. É regra da vida que não passa pela força do argumento, nem tampouco no aprendizado dos livros. É força natural que conduz o caule, ordenando e determinando que a rosa realize o giro, toda vez que mudar a direção do Regente.

Estão mergulhados numa forma de saber milenar, regra que a criação fez questão de deixar na memória da espécie. Eles não podem sobreviver sem a força que os ilumina. Por isso, estão entregues aos intermitentes e místicos movimentos de procura. Eles giram e querem o sol. Eles são girassóis.

Deles me aproximo. Penso no meu destino de ser humano. Penso no quanto eu também sou necessitado de voltar-me para uma força regente, absoluta, determinante. Preciso de Deus. Se para Ele não me volto corro o risco de me desprender de minha possibilidade de ser feliz. É Nele que meu sentido está todo contido. Ele resguarda o infinito de tudo o que ainda posso ser. Descubro maravilhado. Mas no finito que me envolve posso descobrir o desafio de antecipar no tempo, o que Nele já está realizado.

Então intuo. Deus me dá aos poucos, em partes, dia a dia, em fragmentos.

Eu Dele me recebo, assim como o girassol se recebe do sol, porque não pode sobreviver sem sua luz. A flor condensa, ainda que de forma limitada, porque é criatura, o todo de sua natureza que o sol potencializa.

O mesmo é comigo. O mesmo é com você. Deus é nosso sol, e nós não poderíamos chegar a ser quem somos, em essência, se Nele não colocarmos a direção dos nossos olhos.

Cada vez que o nosso olhar se desvia de sua regência, incorremos no risco de fazer ser o nosso sol, o que na verdade não passa de luz artificial.

Substituição desastrosa que chamamos de idolatria. Uma força humana colocada no lugar de Deus.

A vida é o lugar da Revelação divina. É na força da história que descobrimos os rastros do Sagrado. Não há nenhum problema em descobrir nas realidades humanas algumas escadarias que possam nos ajudar a chegar ao céu. Mas não podemos pensar que a escadaria é o lugar definitivo de nossa busca. Parar os nossos olhos no humano que nos fala sobre Deus é o mesmo que distribuir fragmentos de pólvora pelos cômodos de nossa morada. Um risco que não podemos correr.

Tudo o que é humano é frágil, temporário, limitado. Não é ele que pode nos salvar. Ele é apenas um condutor. É depois dele que podemos encontrar o que verdadeiramente importa. Ele, o fundamento de tudo o que nos faz ser o que somos. Ele, o Criador de toda realidade. Deus trino, onipotente, fonte de toda luz.

Sejamos como os girassóis...

Uma coisa é certa. Nós estamos todos num mesmo campo. Há em cada um de nós uma essência que nos orienta para o verdadeiro lugar que precisamos chegar, mas nem sempre realizamos o movimento da procura pela luz.

Sejamos afeitos a este movimento místico, natural. Não prenda os seus olhos no oposto de sua felicidade. Não queira o engano dos artifícios que insistem em distrair a nossa percepção. Não podemos substituir o essencial pelo acidental. É a nossa realização que está em jogo.

Girassol só pode ser feliz se para o Sol estiver orientado. É por isso que eles não perdem tempo com as sombras.

Eles já sabem, mas nós precisamos aprender.”




quarta-feira, 1 de junho de 2011

É preciso aprender.

[...] Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles.

Um email. Uma decisão e um fim.

(...) que talvez seja hora de nós dois terminarmos nossa história de vez. Já estávamos separados, era oficial, mas ainda havia uma réstia de esperança de que talvez, um dia, pudéssemos tentar de novo. Nós nos amávamos. O problema nunca foi esse. Só não conseguíamos descobrir como parar de tornar o outro desesperadamente, alucinadamente, desgraçadamente infeliz (...)
Por mais que eu o ame (e eu o amo de verdade, de forma estupidamente excessiva), preciso dizer adeus a essa pessoa agora. E preciso me manter fiel a essa decisão. Então escrevo um e-mail para ele (...)

Eu lhe digo que espero que ele esteja bem e que estou bem. Faço algumas brincadeiras. Sempre fomos bons de brincadeiras. Em seguida, explico que acho que precisamos pôr um ponto final nesse relacionamento. Que talvez seja hora de reconhecer que nunca vai dar certo, que não é para dar certo. O tom não é excessivamente dramático. Deus sabe que já houve drama suficiente entre nós. A mensagem é curta e simples. Mas há mais um coisa que preciso acrescentar. Prendendo a respiração, escrevo: "Se você quiser procurar outra pessoa na sua vida, é claro que eu lhe desejo tudo de bom." Minhas mãos estão tremendo. Assino com "um beijo", tentando manter o tom mais descontraído possível. Tenho a sensação de que alguém acaba de golpear meu peito com um bastão.

Não durmo muito nessa noite, imaginando-o a ler minhas palavras. Durante o dia seguinte, corro algumas vezes até o cybercafé à procura de uma resposta. Estou tentando ignorar aquela parte de mim morta de vontade de que ele responda: "VOLTE! NÃO VÁ EMBORA! EU VOU MUDAR!" Estou tentando ignorar a menininha dentro de mim que abriria mão alegremente de toda essa ideia grandiosa de viajar pelo mundo em troca apenas das chaves do apartamento do David. Mas, por volta das dez horas da noite, finalmente recebo minha resposta. Um e-mail maravilhoso, é claro. David sempre escreveu lindamente. Ele concorda que, sim, é hora de finalmente dizermos adeus para sempre. Diz que ele próprio vem pensando mais ou menos a mesma coisa. Não poderia ter sido mais gentil em sua resposta, e compartilha seus próprios sentimentos de perda e arrependimento com aquele intenso afeto que algumas vezes ele era tão comoventemente capaz de atingir. Ele espera que eu saiba o quanto ele me adora, e que não consegue sequer encontrar palavras para expressar isso. "Mas a gente não é o que o outro precisa", diz ele. No entanto, ele tem certeza de que eu algum dia vou encontrar um grande amor na minha vida. Ele tem certeza disso. Afinal, ele diz, "beleza atrai beleza".

E isso, de fato, é uma coisa muito linda de se dizer. E é praticamente a melhor coisa que o amor da sua vida poderia dizer, quando não está dizendo: "VOLTE! NÃO VÁ EMBORA! EU VOU MUDAR!"

Fico ali sentada encarando a tela do computador, sem dizer nada, durante um tempo longo e triste. É melhor assim, eu sei que é. Estou escolhendo a felicidade em lugar do sofrimento, eu sei que estou. Estou criando espaço para o futuro desconhecido encher minha vida com surpresas que ainda estão por vir. Eu sei tudo isso. Mas mesmo assim... É David. Eu agora o perdi (...)

Comer Rezar Amar
Elizabeth Gilbert.

Ps.: É claro que indico o livro e o filme também!